Até o café, companheiro do dia a dia do brasileiro, virou alvo da ilegalidade. Denúncias revelaram que o produto tem chegado adulterado à mesa do consumidor. No estado do Rio de Janeiro, uma ação de três dias da Secretaria de Estado de Defesa do Consumidor fiscalizou mais de 50 estabelecimentos e apreendeu mais de 10 toneladas do produto, em municípios como Campos dos Goytacazes, São Fidélis, Itaperuna, Carmo e Cantagalo, dentre outros.
A operação Café Real foi liderada pela Secretaria de Estado de Defesa do Consumidor, em parceria com o Procon, a Polícia Militar e o Ministério da Agricultura e Pecuária. Em apenas três dias de ação, 58 estabelecimentos foram fiscalizados em todas as regiões do estado do Rio, resultando na apreensão de mais de 10 toneladas de café com indícios de adulteração. No total, 38 marcas foram inspecionadas.
Denúncias revelaram que o produto tem chegado à mesa do consumidor com elementos estranhos. As adulterações, em geral, acontecem no processo de fabricação, quando produtores incluem elementos que vão de cascas e paus a pedras e até milho à composição do café torrado e moído. O objetivo é aumentar o volume e reduzir os custos de produção, enganando o consumidor. O resultado é um café sem qualidade, com sabor e aroma comprometidos, podendo conter, inclusive, substâncias nocivas à saúde do consumidor.
Em São Fidélis, no norte Fluminense, fiscais encontraram uma indústria que produzia café com cascas, paus, pedras e matérias que podem incluir restos de insetos. Já em Itaocara, no noroeste, foram identificados grãos com resíduo de exportação e percentual de impurezas muito acima do permitido. Cerca de 900 quilos de pó e café in natura foram descartados.
Importante destacar que pequenas quantidades de cascas e paus são toleradas pela legislação, por fazerem parte do processo natural da lavoura, mas, em excesso, essas substâncias, que podem conter agrotóxicos, fazem mal à saúde.
As amostras recolhidas serão enviadas para o laboratório da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic). Caso seja confirmada a fraude, os estabelecimentos serão processados administrativamente e terão 15 dias para apresentar defesa. As multas podem chegar a R$ 17 milhões por fornecedor.
Diante da gravidade da situação, a Secretaria de Defesa do Consumidor vai encaminhar representação ao Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, solicitando providências cíveis e criminais contra os fornecedores fiscalizados, especialmente as indústrias.
Da redação da Rádio Natividade