Em tratamento contra o câncer, criança de Porciúncula sofre com a falta de insumos

Em maio, Eloah Coelho Ferreira, uma menina de 4 anos, foi diagnosticada com retinoblastoma, um tipo raro de câncer no olho direito. Desde então, a família porciunculense tem enfrentado dificuldades para iniciar o tratamento necessário e preservar a visão da criança. Após viajar quase 350 quilômetros, de Porciúncula até o Instituto Nacional de Câncer (Inca), no Rio de Janeiro, eles foram informados de que o procedimento não poderia ser realizado devido à falta de um cateter de quimioterapia arterial.
A família protocolou um pedido de informação na ouvidoria do Inca em 6 de junho, mas até o momento não recebeu qualquer resposta. A falta de comunicação tem gerado angústia e pânico, já que todas as respostas obtidas indicam que é necessário aguardar. O Inca informou que uma licitação para compra dos cateteres está marcada para os primeiros dias de julho, sendo essa a terceira tentativa de aquisição do material em 2023.
A primeira tentativa ocorreu em fevereiro, mas não foi concluída por motivos burocráticos não especificados. Na segunda tentativa, em abril, nenhuma empresa demonstrou interesse em fornecer o material. O último procedimento utilizando o cateter ainda disponível foi realizado em maio, em um paciente pediátrico.
O retinoblastoma de Eloah foi descoberto após seus pais notarem um certo grau de estrabismo na criança. O principal sinal da doença é um reflexo brilhante no olho afetado, semelhante ao brilho nos olhos de um gato quando iluminados à noite. As crianças também podem apresentar estrabismo, dor, inchaço ocular ou perda de visão.
O retinoblastoma é mais comum em crianças pequenas, com 95% dos casos sendo diagnosticados antes dos cinco anos de idade. A urgência em iniciar o tratamento é maior para Eloah, pois ela foi diagnosticada com o estágio D da doença.
A família vive uma corrida contra o tempo para garantir que Eloah seja tratada e sua visão, seja preservada. A espera e a burocracia têm causado grande preocupação, pois a cada dia que passa, a chance de recuperação pode diminuir.
“É uma corrida contra o tempo, não podemos esperar. Temos esperança de que ela seja curada e tenha sua visão preservada, mas cada dia que passa podemos estar perdendo essa chance”, lamenta Ana Carolina, mãe da Eloah.
Leia abaixo a íntegra da nota do INCA
O Instituto Nacional de Câncer (INCA) esclarece que a nova licitação para a aquisição de 25 cateteres de quimioterapia arterial está marcada para os primeiros dias de julho. Essa é a terceira tentativa de compra, em 2023, do material de alto custo e que é usado para tratamento em crianças acometidas pelo retinoblastoma.
A primeira tentativa, neste ano, se deu em fevereiro, quando licitação não foi possível de ser realizada por problema burocrático que independeram do INCA. Em abril, o Instituto realizou uma segunda tentativa em caráter regular, quando não apareceram concorrentes.
O INCA reforça que busca retomar o mais rápido possível os estoques do catéter, que foi utilizado pela última vez durante uma aplicação em um paciente pediátrico em maio.
A direção-geral do Instituto não descarta a aquisição particular de materiais – ainda que não seja a prática do INCA – diante da situação crítica e por princípios humanitários. O INCA estuda todas as possibilidades dentro dos preceitos legais para realizar o mais rápido possível o tratamento dos pacientes.
Por Gabriel Clalp